10 dicas para parecer uma pessoa muito ocupada no trabalho

Seu chefe pega no seu pé por achar que você não faz nada, sendo que na realidade são as atividades do seu cargo que estão realmente poucas? Ou cabeças estão rolando na sua empresa e você quer mostrar que seu trabalho é importante para não sair?

Ou você simplesmente quer dar a impressão aos outros de que é uma pessoa extremamente ocupada e que sempre está precisando de mais umas 4 ou cinco horas no seu dia? Seus problemas acabaram!

As dicas abaixo irão fazer você passar de um simples estagiário para um Roberto Justus da vida em poucos dias. Confira:

  1. Esteja sempre apressado: dentro da empresa, seja para onde for, ande rapidamente e a passos largos, de preferência com algo na mão como uma pasta ou um monte de documentos. Se possível, quando alguém estiver vindo em sua direção, coloque o celular na orelha e finja estar conversando algo muito importante. Assim, dificilmente te perguntarão para onde está indo e o que vai fazer em seguida, para então te empurrar uma atividade realmente necessária;
  2. Entre na sala já perguntando por tudo: antes mesmo do “bom dia”, abra a porta como se fosse um desses policiais de filme arrombando o esconderijo do bandido, quase que derrubando-a. Em seguida, pergunte a Fulano pela planilha que você pediu ontem, a Beltrano pelos resultados de tal pesquisa e diga ao chefe que entregará uma tal atividade antes do meio-dia. Sente-se em sua cadeira com aparência de esbaforido e só então comece sua rotina;
  3. Fale e leia rápido: pessoas que falam e leem com rapidez ou não tem tempo a perder ou são loucas. Faça de uma forma que pensem que isso ocorre por conta da primeira opção;
  4. Saia mais tarde do expediente: se você chegar muito mais cedo que seu chefe provavelmente ele nem irá notar, pois considerará que é sua obrigação mesmo. Mas se sair bem depois dele dizendo que quer ficar para concluir um projeto urgente ele vai achar que você é uma pessoa totalmente dedicada e imersa em seu trabalho, mesmo se na verdade não for;
  5. Nas reuniões, saia na metade dizendo que tem que terminar algo: use esta tática uma vez e veja o resultado. Se perceber que o gestor aprovou a atitude, use-a vez sim, vez não para complementar seu “plano de ascensão”;
  6. Responda aos emails com poucas linhas: quem é muito ocupado não tem condição de ser detalhista nos emails. Portanto, responda com 3 ou 4 linhas no máximo, usando o mínimo de palavras possível;
  7. Recuse os convites para um cafezinho: assim que vier algum colega seu perguntando se quer tomar um cafezinho na copa ou “área de lazer” da empresa, atrapalhando seu carteado no jogo de paciência, recuse fazendo cara feia, como se ele tivesse interrompido uma transação milionária decisiva para a vida da empresa;
  8. Dê xilique de vez em quando e ponha a culpa no estresse: a melhor hora para fazer isso é quando o setor está em silêncio e concentrado. Ao notar isso, dê um grito dizendo algo como “Caramba, que trabalho complexo! Mas eu tenho que terminá-lo. E vou!”. Dependendo do seu chefe, é capaz dele levantar da cadeira e te aplaudir de pé;
  9. Batuque os dedos no teclado constantemente: isso dará a impressão que você está digitando um documento ou preenchendo uma planilha com dados. Se você acha isso cansativo, existem programas de computador que simulam o barulho de teclas batendo (esse povo pensa em tudo!);
  10. Mensure resultados: toda ação de marketing necessita de medição dos resultados, e como se trata de uma “ação de marketing pessoal”, veja qual a reação dos teus superiores e colegas depois de você aplicar as dicas. Se estão te tratando tal qual um homem de negócios do alto escalão, ótimo, está no caminho certo. Mas se estão dizendo que você está ficando doido e chato demais, então repense o que pode ter dado errado ou mesmo dê uma pausa no plano para voltar num momento mais propício.

O que achou das dicas? Tem mais alguma a acrescentar? Comente!

P.S.: Entendam isso como uma piada ou sátira ao cotidiano do trabalho antes de virem dizer que sou um preguiçoso profissional e estou disseminando péssimos hábitos.

Você faz tudo o que o seu cliente quer?

Chuvas e trovoadas nesse verão. Dentro e fora dos cinemas. Bruna Surfistinha, ou melhor, Bruna, ou Raquel Pacheco, conta a história da estudante mais detestada da escola que se torna a garota de programa mais desejada do Brasil. A história emociona e ensina. Todos querem ser amados. As empresas também. E ainda querem ganhar dinheiro com isso.

O filme exibe três fases de uma mesma personagem. E nos permite transportar os conceitos para três momentos de uma mesma empresa.

–> Raquel Pacheco

Esse é o nome de batismo da menina que, adotada por uma família de classe média, nunca disse muito a que veio. Tímida, truncada emocionalmente, mantinha relações básicas e suficientes apenas para existir. Não para resistir ou evoluir. Em casa, diálogos monossilábicos. Na escola, “escrever é o que não se pode falar”. Um desastre no relacionamento com o mundo e consigo mesma. Um exemplo de empresas que focadas em si mesmas convivem com seus produtos, mas têm dúvidas sobre “a que vieram” e “a quem buscam conquistar”.

Quando perguntadas sobre os benefícios oferecidos, sobre o seu público-alvo ou sobre seus diferenciais, preferem “escrever a dizer”, ou seja, mostram uma peça publicitária bacana que, em geral, é diferente da experiência real de consumo.

Raquel transforma-se em Bruna no dia em que atende seu primeiro cliente, “sem chorar, sem mandar parar e até o fim”. Sai de casa e ninguém mais ouve falar dela. Lembra daquela empresa que também sumiu da sua vida sem avisar? E da qual você nem sentiu falta? Pois é. O mercado está cheio de “Raquéis”.

–> Bruna

Raquel deixa sua versão original e bruta para se tornar Bruna, uma versão mais “líquida” e adaptável a qualquer orçamento ou preferência, aquela que “faz o que você quiser”, slogan que a transforma na líder de preferência dos clientes. Seu grande diferencial é não ter nenhum diferencial. Ela faz tudo a todos, sem distinção.

“Oi! Eu sou a Bruna” é o jargão automático e inicial da transação cuja comparação é inevitável com as empresas que também começam relações comerciais com um “venha e aproveite os preços baixos”.

Assim como Bruna inicia seu atendimento pela “cintura” de seus clientes, muitas empresas iniciam esse contato pelo bolso. Começam com um brinde, passam a um desconto e viciam a relação sempre com fartas doses de promoções. Praticam um atendimento quantitativo, capaz de receber inúmeros clientes por dia, mas não conseguem saber o nome de algum deles.

Ao serem assediadas por um cliente mais apaixonado, as empresas, assim como Bruna, declaram: “prefiro o seu dinheiro à sua fidelidade”. As Brunas exibem capacidade enorme de conquistar clientes, mas são inaptas à fidelização.

Por quê?

Estão ocupadas com a nova promoção para novos consumidores e se esquecem de avaliar a satisfação dos atuais. Nada é muito bom ou muito ruim nessa relação. O foco é técnico e racional e o cliente é um número, um código ou um cartão. O coração bate fraco.

–> Bruna Surfistinha

Há um momento da relação comercial em que descontos e promoções já não atraem tantos clientes. O que fazer nesse momento? Investir em diferenciais reais ou imaginários. É o momento de se pensar numa comunicação diferenciada e capaz de criar uma nova percepção junto ao mercado.

Bruna passa a ser Surfistinha, criando um blog e relacionando-se com os clientes de maneira virtual e mais ampla. Tem o mundo como possibilidade de contato. Obviamente, o risco de ruídos entre a comunicação virtual e a experiência de consumo real é maior. Entretanto, a intensidade da comunicação ameniza esse impacto.

Bruna adota o “se está bom pra você está bom pra mim” e já se preocupa mais com o atendimento aos clientes. Melhora as instalações físicas do seu apartamento, compra cabelos lindos, contrata uma secretária “back-up” e eleva em 200% a tabela de preço. Nenhum problema se o valor agregado for percebido. O problema começa a partir de uma frase dita quase no final do filme. No auge do sucesso e do faturamento, a personagem declara em alto e bom som: “eu te disse que iria chegar lá”. E ouve como resposta: “lá onde?”

Esse parece ser o dilema de muitas empresas que, após conquistarem uma posição no mercado, entram numa crise sobre onde chegar, quais os limites do crescimento, quando parar é melhor que fragmentar, como evitar o “boo” marketing.

As empresas precisam entender que o crescimento qualitativo é mais sólido que o quantitativo. É melhor atender a dez clientes de maneira profunda e integral a atingir cem de maneira rasa e efêmera. Os exemplos são fartos.

Sua verba publicitária é dirigida a uma pesquisa de satisfação ou à abertura de novas lojas? Seu cadastro de clientes está atualizado ou você prefere comprar um novo mailing para recomeçar a mesma história com novos clientes? Ao final do filme, uma frase sintetiza de maneira brilhante a história da personag em: “sinto mais falta de família que não tive do que daquela que tive”. Somos todos assim. Cuidamos pouco do que temos.

Queremos muito o que não temos. Reconhecemos nada os clientes atuais. Valorizamos excessivamente os que acabaram de chegar. Raquel não é melhor que a Surfistinha. É apenas diferente. Ambas serão felizes à medida que souberem muito bem a que vieram e com quem querem, podem e devem se relacionar.

Pense nisso. Avalie sua atual turma no mercado e aprenda com a Bruna que declara sabiamente: “Eu nunca fui a garota mais popular do colégio… até que um dia mudei de turma”.